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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Eu ainda não sei dizer ADEUS :'(

Festa de Fim de Ano e abraço apertado: Vou lembrar de você assim <3
Eu queria ter tido tempo de escrever. Quando ele me pediu e eu estava tão atarefada. A questão é que
a gente aprende cada dia mais que o amanhã pode ser muito, muito tarde. Infelizmente.

A lembrança mais nítida que tenho é o do simpático vovô que todos os dias me presenteava com balinhas e docinhos de banana ou de leite. Quando conquistei um pouquinho mais de sua confiança e quando ele soube que eu estudava jornalismo tratou de me contar histórias. Do casamento longo com a esposa que estava internada a uma adolescência onde fora destaque no basquete.

Seu Russinho carregava 87 anos de histórias e lembranças. Uma habilidade incomparável no serviço o fazia simplesmente não se conformar com a aposentadoria. Estava todas as terças e quintas pontualmente na empresa, disposto a firmar mil contratos. Sempre muito bem vestido, também não perdia nenhuma reunião no Rotary Clube, onde já foi presidente. No meu armário tinha uma caixinha de cartões de visita que ele guardava - alguns com mais de 30 anos. Ele dizia que era bom manter contato, sempre.

Em uma das conversas, seu Russinho deixou escapar que dormia com uma cordinha amarrada no pulso da esposa, para que, caso ela se levantasse a noite ele pudesse acompanhá-la, pois sua saúde estava debilitada.

Um dia antes de eu me despedir da CAT e - infelizmente - me despedir dele, seu Russinho me entregou uma folha de sulfite com todos os destaques que alcançou no basquete. Dentre eles, campeão santista e paulista. Eu dei um abraço bem apertado e disse que retornaria muito em breve para que pudéssemos, enfim, sentar e conversar.

Voltei pouco mais de uma semana depois e recebi a notícia de que ele fora internado em estado grave na UTI. Eu chorei TANTO, pois tinha medo de não conseguir escrever sobre ele. Há 20 minutos recebi a notícia de sua partida. Aprendi, nesses quatro anos de jornalismo que os mais profundos textos surgem mais da observação do que da entrevista efetivamente. Espero sinceramente que ele leia lá no céu.

Sua esposa se foi há alguns poucos meses. Como nas palavras finais do clássico "Os Miseráveis":
"Ele viveu. Morreu quando perdeu seu anjo; 
Partiu com a mesma simplicidade
Como a chegada da noite após o dia."

Se foi mais um grande personagem do meu livro de memórias...
Que o reencontro com o amor da sua vida seja repleto de luz, porque agora nenhuma doença ruim poderá separá-los.
Saudade seu Russinho.
Vai com os anjos, vai em paz.


Um comentário:

  1. Que texto difícil que sentimento estranho.. que vazio que mora aqui. Que Deus possa nos curar dessa falta porque do céu ele já se curou

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