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sábado, 15 de fevereiro de 2014

Calma, mundo! Estou em fase de crescimento

Nunca li "A hora da estrela", de Clarice Lispector. Mas o título da obra sempre me chamou muita atenção.
Acho que ele (o título, apenas! Não conheço a história!) traduz um dos momento mais importante da minha vida: a fase pela qual estou passando atualmente. O tal do brilho dos olhos é algo que, quando atinge o ápice da luminosidade, faz brilhar toda a nossa vida. E creio que a minha nunca esteve tão iluminada: mesmo caindo, quebrando a cara e errando muuuito (porque nada contribui mais para o crescimento do que os tombos do caminho), encontrei minha vocação e minha estrela tem começado a brilhar. Tenho aprendido cada dia mais a ser uma pessoa melhor para mim.

Hoje parei para pensar em como estou diferente de quem era antes e mais semelhante a pessoa que eu quero ser. Não sei dizer o momento exato em que essa mudança aconteceu, nem mesmo se ela já é perceptível. O teatro teve uma influência absurda para os questionamentos que passei a fazer - primeiro para mim e depois para o mundo. Mas não foi apenas isso. Talvez ele tenha sido o desabrochar de uma mudança interna,  profunda e complexa que se iniciou no momento em que eu percebi que o mundo era muito mais do que eu meu olhos conseguem enxergar. A realidade é algo que dificilmente eu vou encontrar estampada na primeira página de um jornal, por exemplo. Infelizmente.

Quando decidi ser jornalista, aos 13 anos, essa decisão foi pautada com base em gostos pessoais e no meu desejo de conhecer pessoas e histórias. Hoje, poucos meses antes de pegar meu diploma, percebo com uma mudança descomunal - muito superior as mudanças que certamente aconteceram nos 10 anos que se passaram desde a minha decisão - de que o jornalismo é muito mais que isso. O papel do jornalista vai muito além de informações básicas e das minhas tão amadas histórias. É o de ser um profissional fundamental para a construção da história - e para a contextualização do presente.

Aprendi que o jornalista não deve emitir juízo de valor no momento em que transmite uma informação. Mas isso não significa não ter opinião própria em relação aos acontecimentos que abalam o mundo. E esse é o ponto onde o título desse texto começa a fazer sentido. Estou em fase de crescimento. Tudo em minha cabeça é um turbilhão de emoções, um embate entre o que eu acredito, o que eu acreditava, o que eu quero acreditar e dúvidas. Muitas e muitas dúvidas. Nesse momento, me sinto como o coelhinho branco que esta sendo tirado de dentro da cartola, em uma referência ao livro "O mundo de Sofia". E se vou citar a filosofia, e Sócrates afirma que "mais inteligente é aquele que sabe que não sabe", estou no momento mais sábio de minha vida.

Sempre fui ruim de debate, pois encontrava sérias barreiras e dificuldades em defender as coisas nas quais acreditava. Sinceramente, não entendo o porquê, uma vez que em minha cabeça sei o que devo dizer e as páginas dos meus cadernos sempre foram testemunhas das posturas que eu queria defender (na realidade, eu preferia escrever a argumentar com outras pessoas).

Esse tendência ainda existe, em termos, mas tenho arriscado expor minhas opiniões, mesmo com tantas dúvidas que rondam minha mente. Nesta semana, em uma troca de quatro mensagens via inbox do facebook, alguém conseguiu traduzir esse turbilhão de emoções que estou vivendo. Eu disse que estava moldando o meu pensamento crítico em  meio a tanta coisa que está acontecendo. Esse alguém me disse que moldar o pensamento crítico é um caminho de muitas porradas, que só pode acontecer dentro da minha própria cabeça.

E é exatamente esse caminho que tenho trilhado. Me sinto em uma linha de fogo e perdida. Porque prestes a receber meu diploma e assumir profissionalmente um papel importante para o desenvolvimento e a construção de uma sociedade justa, encontro absurdos nos jornais. Encontro absurdos nas ruas e no mundo. Vejo uma sociedade doente e um jornalismo guiado apenas no agora, no imediatismo dos tempos modernos. E sim, muitas vezes me incluo nesse grupo.

É um desafio e ao mesmo tempo uma dádiva crescer nesse período da história. As manifestações voltaram como um grito da sociedade contra os abusos do poder; pessoas têm se unido em oposição ao preconceito praticado contra as minorias; jovens de classe média baixa encontram a alta sociedade nos shoppings e quebram tabus. E não ter nenhuma opinião em relação a isso é uma tarefa impossível. Da mesma forma que enxergar esses acontecimentos como algo do agora é um erro.  Estamos em um período onde é preciso olhar para o hoje com um vislumbre do passado. É preciso estudar e aprender. Em suma, crescer.

E crescer dói. É pisar em um terreno desconhecido e perigoso. Mas é algo necessário e repleto de oportunidades de sermos melhores com nós mesmos. Estou aprendendo, crescendo e me inspirando, tendo como base tudo o que vivo e as diferentes pessoas e visões de mundo com as quais tenho contato, buscando extrair de cada um algo que será construtivo para mim. Encontro respostas e mais indagações, mas estou feliz. Hoje, melhor do que a pessoa que eu era ontem e amanhã, espero ter crescido ainda mais.


*Obrigada pelas sábias palavras e pela diversão e investigação diária com a qual me presenteou, João Paulo Teixeira Pires.

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